quarta-feira, 23 de julho de 2008

Esforço conjunto para decifrar a auto-imunidade

Porque, sem um trabalho conjunto, «os especialistas em investigação básica nunca poderão ver a história toda das doenças auto-imunes e os clínicos nunca a compreenderão completamente», este Congresso quis juntar, na mesma sala, as perspectivas de um internista com experiência na área fundamental, a Dr.ª Francisca Fontes, e de outro especialista da área clínica, o Prof.
Carlos Vasconcelos.
«Os últimos anos têm sido marcados por importantes descobertas a nível molecular», informa
o Prof. Carlos Vasconcelos, coordenador da Imunologia Clínica do Hospital de Santo António, no Porto. «O processo fisiológico e os distúrbios associados conhecem-se cada vez mais profundamente e estão a culminar na disponibilidade de novos produtos terapêuticos, fazendo-nos sair, numa metáfora marcial, da “era terapêutica Hiroshimiana” para uma “era terapêutica Iraquiana”, dirigida a alvos específicos», sustenta.
A Imunologia Clínica propriamente dita é uma especialidade que não existe formalmente em Portugal, correspondendo a «uma área de trabalho que vai desde as imunodeficiências
às doenças auto-imunes». Contudo, estas últimas atingem cerca de 20% da população (75% do sexo feminino) e são causa de significativas morbilidade e mortalidade e de elevados custos económicos.
«Do ponto de vista da investigação básica ou fundamental, evoluímos desde há um século », recorda o médico, evocando os nomes de três prémios Nobel da Medicina – Paul Erlich, Frank Burnett e Niels Jerne – responsáveis, respectivamente, pelos conceitos «auto-imunidade nunca», «às vezes» e «sempre». «Entretanto, na clínica, eram e serão sempre os doentes e as suas patologias que mostram o caminho.» Hoje, sabe-se que «as doenças auto-imunes aparecem mais frequentemente em determinadas famílias, mas que a concordância nos gémeos monozigóticos não ultrapassa a metade dos casos, o que indica que, também na auto-imunidade, o factor “homem e suas circunstâncias” tem um peso importante», garante o Prof. Carlos Vasconcelos.
«A mesma doença [auto-imune] pode apresentar padrões diferentes de gravidade, de envolvimento orgânico, etc.». Aliás, como sublinha este especialista, «muitos doentes apresentam, simultaneamente, critérios de várias doenças auto-imunes e outros evoluem entre diferentes formas destas doenças», daí que esta área apele a um esforço partilhado entre a investigação imunológica fundamental e a prática da imunologia clínica, na tentativa
de uma compreensão global.
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