quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Relato de patrícia

Patrícia faz o seu relato, tem 33 anos, e vive  em Singapura

Olá.
Meu nome é Patrícia, tenho 33 anos e sou do Rio de Janeiro, Brasil, mas moro em Singapura. Descobri o blog sem querer, apenas pesquisando sobre o Lúpus, doença que me foi diagnosticada há 5 anos. A descoberta da doença ocorreu por acaso. Estava tomando remédios para emagrecer e ao mesmo tempo fazendo tratamento dermatológico estético, quando me apareceu uma “alergia” nas maças do rosto e testa. Procurei uma alergista, que me pediu exames de sangue.

Na consulta seguinte, na qual ela me diria o resultado dos exames, fui às pressas ao consultório em horário de almoço e até cheguei atrasada. Chegando lá ela já estava apressada e meio impaciente com meu atraso e me atendeu sem muita simpatia. Ela me disse: “Você não tem alergia nenhuma. Você tem é Lúpus.” Aquilo me soou como um soco no estômago. Não sabia o que era, mas o nome já me assustou. Eu perguntei: “Mas o que é isso? É grave? É transmissível?”.A resposta dela nunca esquecerei: “O Lúpus é uma doença auto-imune. Eu tive câncer e estou aqui. Não vai ser disso que você vai morrer. Você vai transmitir para seus filhos e netos”. Se ela pensou que fosse me acalmar com aquilo, enganou-se. Foi uma coisa horrível de se dizer, soou rude e cruel.

Saí da consulta transtornada e completamente ignorante, pois a médica não me deu maiores explicações. Não consegui voltar ao trabalho aquele dia e liguei pra minha mãe chorando. Ela apavorou-se. Todas as pessoas que ela conhecia portadoras da doença tiveram conseqüências terríveis. O estado de choque da família durou algumas semanas, conforme fomos tendo mais informações e após uma consulta apropriada com uma excelente reumatologista.

Na consulta com a reumatologista, ela fez um exame clínico minucioso. Me fez muitas perguntas para saber se eu teria outros sintomas da doenças. Todas as minhas respostas eram negativas. E confesso que fui desconfiando do resultado do exame de sangue e achando que aquilo tudo era perda de tempo, que eu não tinha doença nenhuma. Me sentia perfeitamente normal, sadia, bem disposta, sem nada daquilo que ela me perguntava. A única exceção que me fez parar e pensar foram as inúmeras e gigantescas aftas na boca. Sempre tive e sempre achei que era estomacal ou de fundo emocional. Mas nunca tive problemas no estômago... Além disso, tenho que admitir que por várias vezes sentia um cansaço extraordinário, parecendo que havia corrido uma maratona, mas não conseguia associar esse fato a alguma causa ligada ao lúpus, como exposição ao sol... E a bendita “alergia” que me levou à alergista cruel, tenho mais do que certeza de que foi alergia mesmo. Assim que parei com os remédios e loções os sintomas desapareceram para sempre.

Enfim, saí da reumatologista com diagnóstico de lúpica, com prescrição de uso de Reuquinol, ou Plaquinol diariamente. Além disso, fiz vários exames de pulmão, coração, rins, fígado e, graças a Deus, nenhuma anormalidade foi encontrada. Semanas e meses se passaram e não me conformava com o “título” de portadora de doença crónica. Quanto mais eu pesquisava, menos eu me identificava com o grupo de portadores do lúpus.

Por diversas vezes me esqueci de tomar minha medicação. Admito que não era uma preocupação na minha vida. Até que engravidei e o alarme dos médicos me assustou. Disseram que a gravidez poderia agravar ou “acordar” a doença. Felizmente, com um acompanhamento cuidadoso, não tive absolutamente nada. Estou agora na minha segunda gravidez e, mesmo com um acompanhamento menos intenso aqui em Singapura, estou me cuidando diretinho.

Escrevo meu relato somente para dizer que, pela primeira vez depois de diagnosticada lúpica, me senti realmente tocada com os depoimentos que li neste blog. Nunca tinha me deparado com relatos de mulheres que possuem a mesma doença que eu, mas tem histórias muito diferentes para contar. Ao mesmo tempo em que me sinto muito feliz por nunca ter tido maiores complicações, agora penso que tenho que prestar mais atenção ao tratamento. Tudo o que li aqui foi um alerta muitíssimo importante para que eu leve mais a sério a doença, que está adormecida mas que me acompanhará para o resto da vida. Muito obrigada pela ajuda.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Relato de Marisa Santos

Marisa faz o seu relato, tem 28 anos, e vive em Pombal

Olá a todos.
Também tenho Lúpus, e Raynaud grave. À cerca de um ano contei um pouco da minha história…Tenho 28 anos, descobriram-me o Lúpus aos 14 anos. Tinha muitas dificuldades em respirar, muito cansada, não conseguia sequer segurar um garfo porque era muito pesado, nem me pentear porque levantar o braço era impossível conseguir fazê-lo. Na altura fiquei uns 4 meses internada. Fui para cardiologia porque algo também não estava bem no coração, no entanto os médicos achavam que era tuberculose porque os pulmões também não estavam melhores. Depois de febres altíssimas sem quererem baixar, muitos exames e descobriram líquido em volta do coração. Resumindo a coisa muito por alto, o Lúpus apanhou-me os órgãos internos, coração, rins ( á uns anos tive que fazer quimioterapia porque perdia muitas proteínas na urina)e pulmões. As minhas articulações também inflamam imenso. Em 2004 foi quando descobriram que também tinha Raynaud. Tive 6 meses internada ( Agosto a meio de Fevereiro) e tiveram que me amputar 3 dedos de 1 pé. Mas o mais incrível é k não mos amputaram todos na mesma cirurgia. Depois de um dedo amputado, um dia ou dias depois gangrenada outro.
Cheguei a vir uns dias a casa com um dos dedos em carne viva e a ver-se o osso, os médicos achavam que iria sarar, mas não, tive que voltar ao bloco. Mas o que melhor me Recordo deste "episódio" em que me descobriram também o Raynaud, é que foi em pleno dia de Verão, uma pequena pinta no dedo do pé e felizmente tinha ido às urgências porque não conseguia respirar. As dores que se tem quando um dedo está sem circulação eram tantas que eu desmaiava, gritava tanto no hospital que todas as visitas tinham que vir para a rua, davam-me injecções de morfina. Eu por várias vezes implorei as médicos para que me cortassem o pé.Sempre que virava o pé para baixo tinha uma crise de dores. Não podia sair da cama para ir ao WC ou tomar banho. Começaram a dar banho na cama. Durante a noite ficava sentada numa cadeira com a perna levantada porque era a posição que me sentia mais confortável. Pouco dormia. Não sei porque mas não conseguia estar deitada simplesmente com a perna levantada.
Ainda hoje quando tenho dores sejam elas quais forem , penso sempre que se consegui superar as dores que tive quando os dedos, começaram a gangrenar, aguentarei qualquer outra dor.
Fiz várias cessões de Iliprost, fizeram-me um cimpatoscomia ( para que o sangue circulasse melhor nas pernas) na barriga do lado direito e esquerdo e estiveram para fazer o mesmo junto aos ombros do lado das costas por causa das mãos mas entretanto foram adiando.
Felizmente estes dolorosos momentos não passam agora de recordações. Claro k estou sempre alerta a qualquer pontinho.Gostava que todos pensassem como eu quando tenho dores. Lembrem-se sempre de uma altura ou um momento em que tiveram muitas dores, dores insuportáveis, e se conseguiram vencê-las conseguirão vencê-las muitas mais vezes. Sei que á alturas que é muito difícil pensar desta forma, mas temos que nos agarrar em alguma coisa se não seremos derrotadas pela doença.

Jinhos para todos(as).

Vacina para H1N1 é segura para portadores de doenças autoimunes

http://www.planetauniversitario.com/index.php?option=com_content&view=article&id=25071:vacina-para-h1n1-e-segura-para-portadores-de-doencas-autoimunes&catid=56:ciencia-e-tecnologia&Itemid=75

domingo, 20 de novembro de 2011

Relato de Mónica Rebelo

Mónica faz o seu relato, tem 36 anos, e vive na Margem Sul, Lisboa


Olá eu sou a Mónica, tenho 36 anos e padeço de uma doença crónica, doença essa que já não é novidade para vocês e a qual se dá pelo nome de LES (Lúpus Eritematoso Sistémico).
Apesar de só me terem feito o diagnóstico em 2006, na realidade tudo começou antes e a crise que despertou a pesquisa foi em 2005.
Não sei se o mesmo aconteceu com todos os outros doentes de Lúpus, mas hoje em dia começo a aperceber-me que certos episódios pontuais de doenças anteriores, deveriam ter um pouco a ver c/ a minha pré-disposição para o Lúpus.
Durante a infância a minha saúde era um pouco frágil, brindada com quase todas aquelas doenças de criança, anginas constantes, aos 12 anos comecei com dores de coluna, mas o mais preocupante e mais grave foi mesmo a  hepatite que apanhei no WC da escola primaria. Sempre fui uma criança muito ansiosa, ansiedade essa sem nenhuma razão de ser! Se pensarmos bem, estas questões tinham todas a ver c/ a imunidade baixa.
Melhor ou pior sempre fui vencendo as maleitas, fazendo uma vida bastante normal como todas as outras pessoas, alias acho que fazia uma vida bem saudável, não fumava, não bebia, alimentava-me muito bem e fazia vários desportos, até que cheguei aos 26 anos e tudo mudou.
Sem que tivesse dado conta, comecei a ter muitas dores num perna, a perna bastante inchada, dificuldade em andar, febre, mas durante estes dias sempre continuei a fazer a minha vida, a trabalhar, a estudar, a conduzir com muitas dificuldades é certo, mas pensando eu que era uma dor muscular esforçava-me e lá ia eu. Pois bem, pensei errado, aquela dor não era muscular, mas sim algo bastante mais grave, era uma Fleubotrombose. Fui as urgências do Hospital da Cuf e já não me deixaram sair de lá, só com termo de responsabilidade assinado, confesso que era imatura o suficiente que a minha vontade era para vir para casa, mas a forma abrupta que o cirurgião Vascular falou comigo, fez-me abrir os olhos e ver o risco que vida que corria, estava mesmo mal, alias o medico nem me garantia que eu chegasse a casa!
Foram 7 dias de internamento, em repouso absoluto e c/ as pernas elevadas, sempre na cama á excepção de uma ida ou outra á sanita, a heparina, mais 2 meses de repouso em casa e sempre mas sempre com a meia elástica até á raiz da coxa, imaginem só, a perna doente e dorida e a ter que calçar meias de compressão, foi muito doloroso e as lágrimas por vezes corriam-me pelo rosto. Foram 11 anos a calçar a dita meia, quer fosse inverno ou verão, quer fizesse calor ou frio, mas resultou é o que importa, só este ano tive a permissão do médico para retirá-la pelo menos no verão por causa do calor e para poder usar saias J.
Durante 8 meses continuei a tomar Varfine e fazer analises constantemente por causa do valor do sangue, 8 meses também incomodativos, hemorragias gengivas e uma aflição no sangue indescritível.
Obviamente fiquei com sequelas nas veias internas da perna, e como estou a reagir bem, ficamos em stand by com uma operação para tirar uma dessas veias.
Tudo foi melhorando aos poucos até que em 2004, fui viver no estrangeiro e comecei a ter asma, 2 anos depois sintomas de Artrite Reumatóide.
A Artrite Reumatóide foi-me diagnosticada, porque estava com rigidez matinal, edema, vermelhidão e dores, ui mas muitas dores mesmo, nas articulações, tanto das mãos, como dos joelhos e dos tornozelos. Comecei a ser acompanhada por uma medico de medicina interna, médico esse que ainda me segue, mas não foi ele que descobriu na realidade o meu verdadeiro problema.
Pode-se dizer que quem tem lúpus não tem sorte, mas eu até me considero com sorte, pois numa consulta de rotina de Cirurgia Vascular, onde o meu médico me perguntava a medicação que eu tomava e o porque dessa medicação, onde ficou um pouco desconfiado com a sequências de acontecimentos e pediu-me para fazer as analises e os exames do lúpus e BINGO acertou!
Mais uma vez tive sorte, este meu cirurgião vascular tinha feito o estagio com doentes com lúpus dai ter desconfiado, sorte também tive que a medicação dada para a Artrite Reumatóide era precisamente a mesma que iria ser dada para o lúpus, assim acabei por não perder tempo no tratamento.
Como não é novidade para ninguém, o lúpus trás sempre coisas diferentes, ora uma dor aqui, ora outra acolá, infecção aqui, infecção acolá, tanta coisa que seria impensável fazer aqui a descrição.
Entretanto com o decorrer do tempo, e por estar a ser difícil controlar uma anemia que sofria na época, o medico achou por bem indicar-me o Plaquinol… Plaquinol nome que jamais irei esquecer, tal como tudo o que me fez passar! Azar dos azares, não me dei bem com o medicamento e o “quase” impossível aconteceu, surgiu um Exantema Subdito (manchas vermelhas enormes espalhadas pelo tronco e cabeça), na altura era para ter ficado internada, mas como não havia camas no hospital vim para casa medicada c/ 90mg Lepicortinolo. Fiz o tratamento indicado pelo medico e na altura do desmame, fiquei com uma Lombalgia, o que me obrigou a ficar de cama em repouso, a tomar injecções de vitamina B12, Relmus (anti-inflamatório) e Paracetamol, entretanto o Relmus provocava-me muita diarreia, andei assim 3 semanas, o tempo que tinha sido indicado pelo medico para a toma do medicamento nem foi concluído.
Resumindo com isto tudo, com as diarreias acabei por perder muita cortisona pelas fezes e digamos conjuntamente com o desmame, apareceu-me o síndrome de Crushing
Muito sinceramente, nem ao meu pior inimigo desejava que passasse por isto, é indescritível o sofrimento que tive! Fiquei 2 meses sem andar, sem me mexer, a comida tinha de ser dada á boca, até fraldas usei, espasmos por todo o corpo, terrível, dores ate mais não. Posso dizer que mesmo que tivesse um copo ao meu lado, se não o chegassem á minha boca eu morria de sede.
As dores eram de me deixar louca, estava tão mal que pensei que não iria superar, cheguei a pedir a minha mãe um abraço, e dizer-me somente que tudo ia correr bem e correu ;)
Como já referi, a sorte voltou quando uma amiga minha encontrou a minha mãe no supermercado e perguntou por mim, a minha mãe contou o que se passava na altura e ela sendo medica ficou muito impressionada e contou ao cunhado, que também é meu medico de Acupuntura, o qual ficou bastante preocupado e pediu a ela para me telefonar a perguntar se podia vir a minha casa ver-me, logicamente que eu aceitei e de bom agrado.
O Dr. Choy quando veio a minha casa já trazia uma injecção de cortisona, pois pela sintomatologia já previra o que eu tinha e acertou em cheio, aumentou-me outra vez a dosagem da cortisona, tomei anti-inflamatório, antibiótico, Magnesona, medicação para os espasmos e dores e o mais curioso de tudo, no mínimo 4 bananas por dia por causa da quebra do potássio J.
Como perdi toda a massa muscular, a Fisioterapia era essencial e assim que a cortisona começou a fazer efeito, comecei eu também com os tratamentos. A Fisioterapia foi desgastante e levada ao limite, por vezes a prestes a desmaiar e a chorar de dores, mas o objectivo tinha de ser atingido e o que é certo que passados 3 anos conseguimos atingir esse objectivo!
Comecei do nada, de não me mexer, de não me aguentar e pé, mas superei e agradeço a todos os que me acompanharam e nunca desistiram de mim, a minha família, aos amigos, médicos e fisioterapeuta que tem sido excepcionais e se hoje estou como estou, poder ser por meu mérito e por todo o esforço que faço, mas sem eles não teria conseguido.
Logicamente que o lúpus e todas estas situações tem deixado sequelas, desde Maio que já estou reformada por invalidez, a minha coluna o máximo que aguenta é com 5 kg de peso, sempre muito cansada, sempre c/ problemas nas articulações, asma, Fenómeno de Raynaud que praticamente no inverno não me deixa quase tocar nas coisas, Osteoporose, dores sempre, enfim muitas maleitas que estão bastante presente.
Uma das ultimas foi uma anemia, a qual ainda não sei como estou neste momento, (só para a semana vou fazer novamente analises) estado esse me fez cair o meu cabelo, pois é tive de rapar o cabelo.
Como deu para perceber, já tenho um percurso um pouco penoso, mas continuo a ser feliz, aprendi a ver a vida de outra forma e a encarar as pequenas vitorias como grandes vitorias, passei a dar valor ao simples facto de acordar e poder levantar-me a cama, enfim pormenores que anteriormente pareciam irrelevantes, mas que nos fazem estar de bem com a vida.
Sei que a minha história com o lúpus não termina por aqui, mas tenho a certeza que vou superar, sei que haverá fazes melhores e fazes menos boas, mas perder a esperança é que não vale!
Neste momento, o meu lúpus parece que esta a querer acordar, inflamação nas articulações estão a surgir, mas pode ser que adormeça outra vez ;)
Desejo a todas as pessoas que lerem o meu relato a maior sorte do mundo e por favor DON’T GIVE UP, a vida vale a pena!

Beijinhos

XX Encontro Nacional

XX Encontro Nacional da Associação Portuguesa para a Promoção da Saúde Pública

domingo, 13 de novembro de 2011

Relato de Jayne

Jayne faz o seu relato, tem 19 anos , e vive em Lisboa.

Ola Tony e Cláudia , Chamo-me Jayne tenho 19 anos e sou de nacionalidade brasileira, mas já vivo em Portugal(Lisboa) a cerca de 10 anos e meio . Estou a enviar-lhe este e-mail para contar um pouco da minha historia .. Aos 15 anos de idade apareceu-me uma manchinha no braço direito,como se fosse uma picada de insecto, mas não coçava nem nada, a mancha começou a aumentar ate que me ocupou metade do braço, entretanto começo a doer-me,a dor só aumentava, fui as Urgências Pediátrica do HFF(Hospital Fernando Fonseca-Amadora Sintra) onde fiz análises e ficaram na duvida se estava com uma tendinite ou uma artrite, mas aquilo "morreu" ali. Passado uns meses realizei uma analises ao sangue, de rotina, e acusou o VDRL(sífilis) positivo . Mas na altura não realizei nem um tipo de tratamento . Entretanto a suposta tendinite começou a aumentar, passou-me para o braço esquerdo, para os joelhos e pés, e sempre que ia ao medico esquecia-me de perguntar se era normal, porque sempre se ia a alguma festa com as minhas amigas não conseguia dançar e nem ficar em pé , com dores no corpo todo! Aos 17anos engravidei,fiz analises normais e o VRDL continuava positivo,fui encaminhada para ser seguida no HFF por gravidez de alto risco, mas antes da minha primeira consulta fui as Urgências Obstetrícia, estive a gravidez toda doente e la fiz o tratamento de penicilina. Passado tempos voltei a realizar as analises e continuaram positivas, mas não mencionei mais este assunto com os médicos . Desde o inicio da minha gravidez comecei a inchar,tive muitas alterações de humor,só chorava, não me aguentava nem 2 minutos em pé porque ficava mesmo muito inchada e sempre pensei que fosse sintomas da gravidez. Com 31 semana de gestação fiquei internada porque estava a ter uma pré-eclampsia, a minha tensão arterial que sempre foi baixa (media de 8,9 , 9,4) estava a aumentar cada vez mais, chegou aos 21, estive mesmo mal, em risco de vida e o meu bebe nasceu prematuro(mas sem nenhum problema, graças a Deus), pensei que o meu sofrimento acabaria ali quando o meu filho nasceu, mas não.. continuava doente, constantemente com febre, vómitos, dores, ate que no final mês de Janeiro deste ano (2011) comecei a ter dores na regiam do pulmão fui 3 vezes ao hospital e diziam ser algum mal jeito que dei,passaram-me v´srios tipos de medicamento, estava a tomar 1 bem-u-ron de 1000g de 4 em 4 horas por não aguentar com dores, não me queriam realizar RX porque ainda estava a dar mama ao meu filho que só tinha 6 meses, mas na terceira vez que fui o medico resolveu realizar-me um RX, RX esse que mostrou que eu estava com mais de metade do pulmão direito com líquido, fiquei 19 dias internada(sem ver o meu filho). Chorava dia e noite, fiz duas toracocentese com biopsia e tiraram 1300 cc de líquido ao total . A medica que estava a acompanhar-me era especialista em pneumologia, desconfiavam que eu tinha estado com alguém que tinha tuberculose, e um certo dia a médica que estava a acompanhar a minha colega do lado resolveu perguntar-me se eu tinha algum problema nas articulações e eu disse que sim e que por acaso tinha me esquecido de mencionar isso a Doutora Teresa (a que estava a acompanhar-me) , a outra doutora que veio ter comigo começou a examinar-me, fiz ecografias, rx's, tac entre outras analises ! eu nunca tinha ouvido falar sobre Lúpus, mas por coincidência do destino umas amigas minhas disseram-me que outra amiga nossa tinha lhe sido diagnosticado lúpus e pediram-me para perguntar a alguma enfermeira o que era lúpus, uns 3 dias depois das minhas amigas me dizerem isso eu resolvi perguntar a minha doutora o que que desconfiavam que eu tinha e ela disse LÚPUS , eu comecei a rir, mas ao mesmo tempo "caiu-me tudo" e ela perguntou se eu já tinha ouvido falar sobre isso e eu expliquei-lhe a situação ela explicou-me mais ou menos do que se tratava mas nada de especial, comecei a ser seguida pela doutora Fernanda Paixão, medica especialista em doentes auto-imunes, e ela pediu-me para não arranjar nem um trabalho ate que a doença estivesse totalmente estabelecida, mas como já mencionei tenho um filho, sou mãe solteira e vivo com os meus pais e apareceu-me uma proposta para ir trabalhar em um restaurante e eu não tive como negar, tinha uma consulta marcada próximo dos dias em que comecei a trabalhar e não podia faltar para ir a consulta, perdi a consulta e fui tentar remarcar, mas a minha medica tem tantos doentes que eu só posso marcar consulta para o próximo ano e mesmo assim só para o meio/final de 2012 . agora tenho sido seguida pelo meu medico de família (que por sinal não é muito bom) , concluindo estou sem medico . Fui me muito a baixo e se não fosse o meu filho eu não teria aguentado , constantemente oiço que utilizo a minha doença como desculpa pelo meu mau humor e pelas minhas dores , por isso tenho sofrido calada . peço desculpa enche-la com os meus problemas , mas soube bem escrever este bocadinho para alguém que penso que me compreenda .

Muito obrigado pela atenção . Um enorme beijinho . Felicidades e boa sorte para sua vida

Não ao assédio moral!

http://www.youtube.com/user/AssediadosAssediados?feature=mhee#p/f/13/L5_uQ_P1-Fw

sábado, 12 de novembro de 2011

Assédio moral no ambiente de trabalho

Uma das situações mais preocupante é o desconhecimento, ignorância e preconceito relativamente à doença.

Não é à toa que as doenças auto imunes tanto assustam. Para o doente não é fácil entender que além de vitima é “autor” deste mecanismo de agressão. A medicina também tem alguma dificuldade em perceber a causa das doenças auto imunes, que não têm cura.

A incidência da doença tem aumentado. Fala-se que em todo o mundo poderá chegar aos 15 a 20% da população, a maioria das vitimas são mulheres.

Como dizia atrás. Há muito desconhecimento, e como todos sabem, desconhecimento gera preconceito. Era muito importante existir mais grupos de apoio. Havendo encontros, as pessoas conhecem outras histórias e aprendem a conviver melhor com a própria doença. Felizmente as portadoras de Lúpus são bastante solidárias e ajudam-se umas às outras. Todas trocam experiencias, historias, e situações. Na altura do diagnóstico da Claudia falei com algumas delas com quem ainda hoje temos forte ligação e são excelentes pessoas, grandes amigas. São pessoas excepcionais, conseguem ser optimistas, colaborantes, e sempre dispostas ajudar, quando eram elas que deveriam ser ajudadas. Tenho grande admiração por elas, são uma guerreiras!

A mim o que mais me desilude é situação do preconceito que gera muito desconforto e por vezes revolta, peço desculpa de estar a ser repetitivo, mas é urgente combater isto. Nesta doença existe o factor e aspecto psicológico. Todos os dias a paciente se confronta com uma serie de questões, desde reacções emocionais de amigos/ colegas de trabalho, ou do seu estado físico e emocional abalados.
As repercussões físicas do lúpus, como fadiga, ganho de peso, ou maior sensibilidade aos raios solares, podem disparar intensas reacções emocionais.
Ninguém entende o que é se sentir cansado.
Não importa o que faça ou quanto tempo durma, continua cansada.
Com dor,  rigidez e fadiga, como se sentem estas pessoas?
Muitas são obrigadas a ausentar-se do trabalho devido à doença, não contam a entidade patronal , têm medo de perder emprego, e as pessoas precisam dos empregos. Não transmitem a doença a “ninguém” por causa do preconceito. Sei de tantos casos…

As entidades empregadoras sugam tudo dos seu colaboradores e depois quando estão doentes e têm momentos mais frágeis, simplesmente descartam esse mesmo colaborador. Não importa o que já fez, o profissional que era, mas simplesmente o que é agora, um colaborador doente, ou seja, “um problema”!
Existe – a importância da consciência
O assedio moral é um risco invisível, mas muito concreto, no concerne às relações e condições de trabalho. Sei do que falo!

Novo tratamento contra lúpus tem bons resultados em testes clínicos

http://acritica.uol.com.br/noticias/Testes-clinicos-terapia-mostram-promissores_0_587341458.html