Uma equipa de investigadores portugueses demonstrou recentemente que as células que evitam que o sistema imunitário ataque o próprio corpo são muito reduzidas nos doentes com Lúpus e seus familiares, o que indica uma predisposição genética. O Lúpus Eritematoso Sistémico (LES) é uma doença auto-imune devida a uma alteração grave nos mecanismos celulares através dos quais o sistema imunitário reconhece o próprio organismo, embora as causas e os mecanismos patológicos desta doença ainda não sejam conhecidos.
É precisamente para os descobrir - bem como identificar os factores genéticos de susceptibilidade para esta doença - que uma equipa de investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e de diversos hospitais do país, em colaboração com a Associação dos Doentes com Lúpus, está a desenvolver um trabalho de investigação. Este trabalho foi galardoado sexta-feira com o Prémio NEDAI (Núcleo dos Estudos das Doenças Auto-imunes), da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna.
Os investigadores analisaram doentes e seus familiares, bem como pessoas saudáveis, tendo descoberto que existem diferenças nos seus padrões clínicos e imunológicos, o que indica uma predisposição genética. A predisposição genética significa que há um risco mais elevado para um familiar de um doente desenvolver a doença do que para a população em geral. Segundo Astrid Moura Vicente, investigadora do IGC, "frequentemente os familiares possuem as mesmas características imunológicas que os doentes, associadas a algumas queixas, embora não atinjam o limiar para diagnóstico", explica Astrid Moura Vicente. "Isso significa que tais parâmetros imunológicos são transmitidos dentro da família, e que um estudo familiar pode trazer novas indicações sobre os factores genéticos envolvidos no Lúpus", acrescentou.
Estes investigadores demonstraram recentemente que o número de um grupo específico de células do sistema imune, os linfócitos (glóbulos brancos) T regulatórios, está muito diminuído nos doentes e frequentemente nos seus familiares. Os linfócitos T regulatórios são muito importantes no controlo de uma outra classe de linfócitos - os linfócitos T autoreactivos - que são responsáveis pelo ataque do sistema imune a células do próprio corpo, que caracteriza esta doença, adiantou a investigadora. O facto de se encontrar evidência para transmissão dentro da família da alteração no número de linfócitos T regulatórios, sugere que "a regulação destas células se faz a nível genético". "De facto, uma análise genética mostrou que variantes de dois genes específicos são mais frequentes nos indivíduos com níveis baixos destas células, doentes ou familiares", acrescentou Astrid Moura Vicente.
Os investigadores pretendem agora analisar as consequências destas alterações genéticas e imunológicas (detectadas nos doentes) nos mecanismos fisiológicos das células, através de experimentação laboratorial com animais. Desta forma, os investigadores esperam conseguir contribuir para uma melhor compreensão dos mecanismos patogénicos da doença e para o desenvolvimento de novas formas de terapias.
O Lúpus afecta entre 7.500 a 10 mil portugueses e apesar de ser uma doença sem cura é tratável, permitindo a alguns doentes uma vida sem grandes limitações, desde que os mesmos mantenham um bom controlo da doença. O Lúpus Eritematoso pode-se manifestar de variadas formas, sendo a mais benigna a forma cutânea, em que as lesões se limitam à pele. A forma mais severa da doença é o Lúpus Sistémico, que implica lesões nas articulações e em vários órgãos, entre os quais os rins.
FONTE: Agência Lusa ( Notícia SIR-6998489)
5 comentários:
Bem...e mais uns avanços...
o que importa mesmo é conhecer esta doença que até à implementação deste blog era totalmente desconhecida.
beijos para a Claudia
Uma missão importante, a de divulgar uma doença ainda tão pouco conhecida.
Um abraço
Olá,
O objectivo do blogue e mesmo este:
Uma oportunidade de dar a conhecer este problema a quem não o conhece ou a quem queira saber um bocadinho mais.
No postado do dia 20 de Abril, algumas razões pelas quais existe este blogue.
Abraço
ola me chamo jacqueline descobri a 3 semanas que minha mae tem lupus, e agora ela ta em depressao estamos sofrendo muito por nao saber como lidar com essa situacao.gostaria de uma ajudar de vcs como fazer nesses casos. desde ja agradeco
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